1. |
Fogo Morro Acima
01:28
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FOGO MORRO ACIMA
(letra e música Nenê Altro)
O silêncio ensurdece
o peso da alma.
Há tempos a angústia
venceu a calma.
O sangue fino esvai
do corpo às calçadas
da Veneza latina
de veias estraçalhadas.
O choro dos deuses
transborda os rios
quando a cidade mata
de fome e de frio.
Fabricando correntes
marcadas por nossos dentes.
Arrastando corpos secos
de tribos inocentes.
Chega América,
essa noite não serviremos,
nosso sangue será petróleo
e nosso ódio será incêndio!
Fogo morro acima!
Fogo morro acima!
Fogo América,
mil povos, uma só justiça!
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2. |
Do Que Arrancas De Mim
01:41
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DO QUE ARRANCAS DE MIM
(letra e música Nenê Altro)
Sinto vivo, porque sei que é meu
este sangue novo que deixei por rastro.
Sei que já me encontrei aqui uma vez,
nesse mesmo chão.
O sangue seco em que piso é tão meu.
E caído estou para me marcar mais outra vez.
Vou em círculos, até que nada mais reste de mim.
Sigo pegadas vermelhas que levam meu nome em si.
Até me alcançar nesse mesmo chão.
Alvejar sem dó na nuca.
Esfaquear sem perdão tudo que já se fez
tão vivo um dia aqui.
A recompensa em estar são é a doença que está em mim,
que me faz ver perdão nadando nas meias verdades
na jarra de cuspes em que lavastes tuas mãos e saístes impune.
Como pode ser bom o que me despedaça a carne assim?
Como podes ser λόγος (Logos) quando vives
do que arrancas de mim?
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3. |
Sempre Cedente
01:46
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SEMPRE CEDENTE
(letra e música Nenê Altro)
Sempre, sempre tão abstrato.
Sempre, está sempre, sempre só e em pedaços.
Sempre.
A face em marte pisca seus olhos,
você tenta correr congelado,
o mundo treme e escapa de seus pés.
E tudo a sua volta está sempre tão diferente.
Você está bem e sorri, mas nunca contente.
Desperta confuso e não sabe como está ali.
A vida passou e seu universo faliu.
O nada é tão importante, tudo o que pode ter,
guardar, colocar na estante.
O que define você.
Seus filhos, seus livros, cobertas, filmes preferidos.
Suas listas de conquistas, os nomes de amigos.
Seu rosto velho e amarelo, não sabe por que
a vida escapou por seus dedos antes de viver.
Sempre, sempre tão abstrato.
Sempre, está sempre, sempre só e em pedaços.
Sempre em busca por aceitação, o conforto em lhe quererem bem
Correndo sem direção, sempre vazio e cedente.
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4. |
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KRANK AINDA NÃO PODE SONHAR
(letra e música Nenê Altro)
Chega como quem não quer nada e rouba o que me faz vivo.
Fala como se estivesse aqui construindo desde o princípio.
Mas é só um ladrão de sonhos - Sempre só em sua torre.
Vive dos sonhos alheios - Um vampiro do passado.
Nada é real em você.
Esconde por trás de sorrisos as presas que a vida lhe deu.
Desesperado pra se projetar numa história que nunca viveu.
Porque é um ladrão de sonhos - Sempre só em sua torre.
Vive dos sonhos alheios - Um vampiro do passado.
E nada é real em você.
Krank nunca vai correr sem sentir os pés fora do chão.
Krank nunca vai perceber que nem tudo nessa vida é moeda
ou sobrevive em colagens de outdoors.
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5. |
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BOAS LONJURAS, LES ENFANTS SAUVAGES
(letra e música Nenê Altro)
Vem então correr
que os pesadelos estão velhos demais e cansados.
Vem olhar as estrelas
que é tão lúdica a pareidolia
e há só um metro entre nós e o luar — La lune à un mètre.
Somos fugitivos de nós mesmos,
e a poeira das estradas faz difícil respirar.
Les enfants sauvages como da primeira vez,
seguir viagem sem medo dos dentes do tempo
mordendo nossas pernas.
Sem estar em guerra,
que me falta teu pedaço de mim.
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6. |
Duvenhage
00:39
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DUVENHAGE
(letra e música Nenê Altro)
Rorschach, apofenia.
Pés na areia movediça.
Prometeu-se, não passaria o chão!
Em desespero, quem diria,
afogado em mentiras e arrependimentos, o herói.
Estandartes "da justiça e do correto"
não fariam sombra suficiente
a que o sol não queimasse a própria língua.
E nem a noite calaria
os ganidos no peito quando só.
Ninguém fala para sempre.
Ninguém escapa à voz da alma.
De facto, come a mente, nunca há paz.
E então, valeu a pena?
O fantasma não consegue agarrar a maçaneta
e chegar à seu sofá.
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7. |
Alpa Kamaska
03:12
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ALPA KAMASKA
(letra e música Nenê Altro)
Me desculpe se não posso
ser o que vai preencher
as lacunas que esperou.
Me desculpe se não vou
ser o vinho em sangue nem
o veneno pra secar
as sementes que enterrou
para fingir, esquecer existir
e que agora racham o chão sob ti.
Que o dia chegou e o sol traz força.
Não há o que fazer.
O lobo é morto e sumiu no céu
como fogos de artifício.
O dia chegou sem pedir licença,
e não chegou por você.
Engula farmácias, faça as malas,
nunca lhe foi difícil.
Eu não sou mais o que temerá a noite.
Sou um pássaro em Nazca.
Traço minhas linhas
e assim venço a escuridão.
Sou minha própria coragem.
"Não sou por você, nunca serei. "
Desculpe, não posso ficar,
tenho tanto tempo perdido pra encontrar.
Meus erros, hoje não entendo,
o que era claro é turvo e me faz chorar.
Tudo que um dia quis
hoje é grão de areia em si.
Desculpe, tudo isso é pouco,
pouco demais pra mim.
Eu não sou mais o que temerá o vento.
Sou Alpa Kamaska.
Um gigante, um caçador,
um peixe glorioso ao mar.
Sou minha própria coragem.
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Black Class São Paulo, Brazil
Nenê Altro - Vocal e compositor
Jones Pereira - Guitarra e voz
Filipe Freitas - Bateria
Gustavo Nogueira - Baixo
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